2008/12/01
Um realizador pode ser o professor de uma vida?
Ou um filme?
E se for Manoel Oliveira?
Caso responda afirmativamente a todas as questões, o BiblioFilmes Festival teve a excelente ideia, para celebrar o aniversário de Oliveira a 11 de Dezembro, de lançar o seguinte convite a todos os professores e alunos (ou ex-alunos):
- Façam um vídeo ou uma fotografia a desejar os Parabéns ou Feliz Aniversário a Manoel Oliveira!
Para conhecer a iniciativa "Parabéns Manoel Oliveira", basta clicar AQUI.
E se for Manoel Oliveira?
Caso responda afirmativamente a todas as questões, o BiblioFilmes Festival teve a excelente ideia, para celebrar o aniversário de Oliveira a 11 de Dezembro, de lançar o seguinte convite a todos os professores e alunos (ou ex-alunos):
- Façam um vídeo ou uma fotografia a desejar os Parabéns ou Feliz Aniversário a Manoel Oliveira!
Para conhecer a iniciativa "Parabéns Manoel Oliveira", basta clicar AQUI.
2007/12/01
Concurso de vídeos "Biblio Filmes: Livros/Bibliotecas, Câmara, Acção!" - Porque um um livro ou uma biblioteca podem ser o Professor da Minha Vida
Biblio Filmes Festival!
www.bibliofilmes.com
O QUÊ?
Um grupo de professores, decidiu criar um concurso que pretende lançar um desafio à comunidade da Língua Portuguesa a fazer um "filme" (em vídeo ou telemóvel) a contar a sua história e provar o quanto gostam da sua biblioteca e/ou livros.
PARA QUEM?
Professores, Alunos, Funcionários de Bibliotecas, ... - na verdade, qualquer pessoa que goste da sua Biblioteca (Pública, Escolar, privada). Todos estão convidados a fazer um vídeo sobre a sua biblioteca preferida e/ou livro!
COMO?
Os participantes colocam os vídeos no YouTube e enviam o link para bibliofilmes@xariti.com. Posteriormente eles serão carregados na página internet do concurso e depois o público em geral irá vê-los e votar no seu vídeo favorito, visando escolher os vencedores.
DURAÇÃO?
Os filmes terão obrigatoriamente um mínimo 30 segundos de duração e um máximo aproximado de 3,14 segundos! (Sim, aproveitámos o conceito matemático PI - um número transcendente, como este concurso).
QUANDO?
Anúncio do lançamento do concurso- Novembro.
Realização e envio dos filmes- até 2 de Abril de 2009 (Dia Internacional do Livro Infantil)
Período de votações- até 23 de Abril (Dia Mundial do Livro), em que serão anunciados os vencedores.
QUEREM SABER MAIS?
Contactem-nos p.f. para bibliofilmes@xariti.com ou visitem o nosso blogue http://bibliofilmes.blogspot.com ou em BiblioFilmes.com
2006/04/24
Raí
"Dona Mirna, professora de Português da 4ª série do 1º grau no Colégio Marista de Ribeirão Preto, via potencial em mim. Por isso mesmo, era muito exigente comigo. Como eu sempre fui muito distraído, isso me fazia bem. Além de tudo, ela lembrava minha mãe."
Falcão
"Eu tive uma professora (da qual me esqueci o nome) que ficou na minha memória para sempre, mais pelo que ela fez por mim do que pela sua fisionomia ou nome. Ela era minha professora de Língua Portuguesa na 7ª série, no colégio Júlia Jorge, em Fortaleza, no ano de 1972.
Ela, a professora sem nome, usava um método que me abriu a percepção para a leitura e despertou meu gosto pela produção literária, se é que o que eu faço em matéria de composição literomusical pode ser assim chamado.
Éramos, eu e os colegas de turma, obrigados a ler diariamente, nem que fosse a bula de algum remédio, e depois escrevíamos no mínimo uma lauda sobre o assunto lido.
Um dia a professora me chamou e disse que eu era um dos seus alunos que podia no futuro se dar bem nesse ofício de escrever.
E disse mais: que eu era mesmo bom nisso e que deveria ir guardando numa gaveta tudo que fosse escrevendo. Eu peguei corda e fiz exatamente assim. Resultado: algumas músicas, que eu até já gravei, saíram dessa gaveta."
Ela, a professora sem nome, usava um método que me abriu a percepção para a leitura e despertou meu gosto pela produção literária, se é que o que eu faço em matéria de composição literomusical pode ser assim chamado.
Éramos, eu e os colegas de turma, obrigados a ler diariamente, nem que fosse a bula de algum remédio, e depois escrevíamos no mínimo uma lauda sobre o assunto lido.
Um dia a professora me chamou e disse que eu era um dos seus alunos que podia no futuro se dar bem nesse ofício de escrever.
E disse mais: que eu era mesmo bom nisso e que deveria ir guardando numa gaveta tudo que fosse escrevendo. Eu peguei corda e fiz exatamente assim. Resultado: algumas músicas, que eu até já gravei, saíram dessa gaveta."
Projeto Teatro Vai à Escola
Tadeu Aguiar
"Eu estava na 6a série quando conheci uma professora chamada Dona Inês, uma ex-freira. Ela era minha professora de História e eu comecei a gostar dessa disciplina por causa dela. Ela tinha uma maneira muito especial de ensinar. Naquela época, para os professores usarem recursos de multimídia era muito complicado. Eu me lembro de que ela viajava pra Europa, pra Grécia, pro Egito e trazia slides. Isso foi no Colégio Estadual Tomás Alberto Whatelly, em Ribeirão Preto, em 1973. Eu nunca mais me esqueci dessa mulher. Sempre que faço meus espetáculos me lembro das aulas que ela dava. Não era aulas chatas, mas sim interessantes. Como meu projeto é destinado a estudantes, sempre penso em fazer espetáculos interessantes e que falem do que eles estão vivendo de uma maneira divertida."
Eduardo Bahr
Meu professor inesquecível, sem dúvida, é o Latuf Isaías Mucci, um professor de Filosofia que conheci na Pós-graduação em Literatura Infanto-Juvenil, na Universidade Federal Fluminense.
Ele era muito especial porque me mostrou que as palavras não são só palavras. Ele me mostrou que tem um universo inteiro dentro de cada palavra e que, quanto mais a gente as conhece, mais a gente sabe articular, mais a gente sabe pensar. Uma outra coisa muito importante que ele me ensinou também é que o que a gente diz é muito sério porque é o que o outro vai ouvir. E se a gente diz uma coisa errada, truncada, não clara, a informação se perde.
Quando eu cheguei à aula dele, na primeira aula, ele falou: 'Eu não permito que meus alunos falem gíria.' E aquilo me deu um medo muito grande. Como é que eu não ia falar gíria, se todo mundo falava? E, aos poucos, eu fui entendendo o que isso tinha a ver com as questões da comunicação. Ele é um professor super-rígido e, ao mesmo tempo, superdoce. Uma coisa importante - que eu levei para as minhas aulas de Educação Artística - é que ele lançava as questões, mas eram os alunos que voavam, eram os alunos que faziam delas aulas. Era bacana, porque cada um crescia e ele ajudava cada um a crescer.
Como sou escritor, pra mim, ele foi fundamental, assim como foi determinante ter passado por ele para ser quem sou hoje. Obrigado, Latuf!"
Lorenzza Merhy
"O meu também é um professor da faculdade. O nome dele é Ricardo Sales. Ele era professor de Filosofia da Política na Universidade Estácio de Sá.
Era uma das matérias sobre a qual eu pensava: 'Nossa, essa matéria deve ser muito chata.' Filosofia já é difícil, imagine Filosofia da Política! Era Locke, Hobbes. É superdifícil, mas ele fez com que ficasse fácil. Ele pegava exemplos do dia-a-dia da gente pra mostrar que podia ser fácil. Aí surgiam discussões, idéias novas, trabalhos. Acho que foi a matéria de que eu mais gostei na faculdade [de Relações Internacionais]! Pra mim, não era chata porque estava superbem explicada. Ele era um excelente professor e eu tenho muita saudade dele."
"Eu estava na 6a série quando conheci uma professora chamada Dona Inês, uma ex-freira. Ela era minha professora de História e eu comecei a gostar dessa disciplina por causa dela. Ela tinha uma maneira muito especial de ensinar. Naquela época, para os professores usarem recursos de multimídia era muito complicado. Eu me lembro de que ela viajava pra Europa, pra Grécia, pro Egito e trazia slides. Isso foi no Colégio Estadual Tomás Alberto Whatelly, em Ribeirão Preto, em 1973. Eu nunca mais me esqueci dessa mulher. Sempre que faço meus espetáculos me lembro das aulas que ela dava. Não era aulas chatas, mas sim interessantes. Como meu projeto é destinado a estudantes, sempre penso em fazer espetáculos interessantes e que falem do que eles estão vivendo de uma maneira divertida."
Eduardo Bahr
Meu professor inesquecível, sem dúvida, é o Latuf Isaías Mucci, um professor de Filosofia que conheci na Pós-graduação em Literatura Infanto-Juvenil, na Universidade Federal Fluminense.
Ele era muito especial porque me mostrou que as palavras não são só palavras. Ele me mostrou que tem um universo inteiro dentro de cada palavra e que, quanto mais a gente as conhece, mais a gente sabe articular, mais a gente sabe pensar. Uma outra coisa muito importante que ele me ensinou também é que o que a gente diz é muito sério porque é o que o outro vai ouvir. E se a gente diz uma coisa errada, truncada, não clara, a informação se perde.
Quando eu cheguei à aula dele, na primeira aula, ele falou: 'Eu não permito que meus alunos falem gíria.' E aquilo me deu um medo muito grande. Como é que eu não ia falar gíria, se todo mundo falava? E, aos poucos, eu fui entendendo o que isso tinha a ver com as questões da comunicação. Ele é um professor super-rígido e, ao mesmo tempo, superdoce. Uma coisa importante - que eu levei para as minhas aulas de Educação Artística - é que ele lançava as questões, mas eram os alunos que voavam, eram os alunos que faziam delas aulas. Era bacana, porque cada um crescia e ele ajudava cada um a crescer.
Como sou escritor, pra mim, ele foi fundamental, assim como foi determinante ter passado por ele para ser quem sou hoje. Obrigado, Latuf!"
Lorenzza Merhy
"O meu também é um professor da faculdade. O nome dele é Ricardo Sales. Ele era professor de Filosofia da Política na Universidade Estácio de Sá.
Era uma das matérias sobre a qual eu pensava: 'Nossa, essa matéria deve ser muito chata.' Filosofia já é difícil, imagine Filosofia da Política! Era Locke, Hobbes. É superdifícil, mas ele fez com que ficasse fácil. Ele pegava exemplos do dia-a-dia da gente pra mostrar que podia ser fácil. Aí surgiam discussões, idéias novas, trabalhos. Acho que foi a matéria de que eu mais gostei na faculdade [de Relações Internacionais]! Pra mim, não era chata porque estava superbem explicada. Ele era um excelente professor e eu tenho muita saudade dele."
Paulo Henrique Amorim
"O meu professor inesquecível foi um professor de História chamado Manuel Maurício de Albuquerque, também conhecido como 'China'. O professor Manuel Maurício tinha evidentemente, para merecer o apelido, os olhos meio puxados, embora fosse pernambucano. Não tinha nada de chinês. Ele fumava ininterruptamente, dava aula fumando e equilibrava o giz e o apagador com a mesma mão com que administrava o cigarro. Me lembro dele com uma profunda emoção, me sensibilizo até hoje.
Eu fui aluno dele no curso ginasial, no curso clássico e depois na faculdade. Eu comecei a estudar com ele História das Américas e me lembro muito bem que ele nos ajudou a colocar o Brasil em perspectiva, dentro da visão do mundo ibérico, com os vizinhos de língua espanhola, nos mostrou a história fantástica de Bolívar e nos falava de Thomas Jefferson. Isso foi no segundo ano ginasial. Depois, no curso clássico, ele dava aula de História do Brasil, e me lembro dele nos falando de história colonial e nos fazendo ler Capistrano de Abreu.
Mas o meu melhor momento de convivência com o professor Manuel Maurício foi quando entrei na universidade, na PUC, para estudar Sociologia. Ele nos deu aula de história e nos levou a ler Gilberto Freyre. Fizemos uma leitura monitorada por ele, guiada por ele, de Casa-Grande e Senzala. Acho que é um patrimônio que carrego comigo até hoje.
Além disso, o professor Maurício nos orientou. Eu estudava no Colégio Aplicação, no Rio de Janeiro, onde fiz o ginásio e o clássico. O professor Manuel Maurício foi o nosso guia numa excursão que fizemos a Ouro Preto e a todo o barroco de Minas. Fomos a Congonhas, Mariana, Tiradentes, Ouro Preto, passamos duas semanas inesquecíveis. Eram 40 garotos e garotas de ginásio e foi uma farra monumental. Visitávamos aquelas igrejas, acompanhávamos o Aleijadinho, Congonhas do Campo e tudo aquilo sob os olhos quase que cúmplices do professor Manuel Maurício, que também era um profundo conhecedor da história do barroco mineiro. Além de outras virtudes, conhecia a história do barroco mineiro muito bem e isso também é um patrimônio cultural que eu carrego comigo e devo a esse grande professor, Manuel Maurício de Albuquerque."
Eu fui aluno dele no curso ginasial, no curso clássico e depois na faculdade. Eu comecei a estudar com ele História das Américas e me lembro muito bem que ele nos ajudou a colocar o Brasil em perspectiva, dentro da visão do mundo ibérico, com os vizinhos de língua espanhola, nos mostrou a história fantástica de Bolívar e nos falava de Thomas Jefferson. Isso foi no segundo ano ginasial. Depois, no curso clássico, ele dava aula de História do Brasil, e me lembro dele nos falando de história colonial e nos fazendo ler Capistrano de Abreu.
Mas o meu melhor momento de convivência com o professor Manuel Maurício foi quando entrei na universidade, na PUC, para estudar Sociologia. Ele nos deu aula de história e nos levou a ler Gilberto Freyre. Fizemos uma leitura monitorada por ele, guiada por ele, de Casa-Grande e Senzala. Acho que é um patrimônio que carrego comigo até hoje.
Além disso, o professor Maurício nos orientou. Eu estudava no Colégio Aplicação, no Rio de Janeiro, onde fiz o ginásio e o clássico. O professor Manuel Maurício foi o nosso guia numa excursão que fizemos a Ouro Preto e a todo o barroco de Minas. Fomos a Congonhas, Mariana, Tiradentes, Ouro Preto, passamos duas semanas inesquecíveis. Eram 40 garotos e garotas de ginásio e foi uma farra monumental. Visitávamos aquelas igrejas, acompanhávamos o Aleijadinho, Congonhas do Campo e tudo aquilo sob os olhos quase que cúmplices do professor Manuel Maurício, que também era um profundo conhecedor da história do barroco mineiro. Além de outras virtudes, conhecia a história do barroco mineiro muito bem e isso também é um patrimônio cultural que eu carrego comigo e devo a esse grande professor, Manuel Maurício de Albuquerque."
Marcelo Madureira em Meu professor Inesquecível
“Eu tive muitos professores e professoras que me ‘marcaram’ muito, porque, na minha época, ainda se batia muito na escola, puxava-se orelha, ajoelhava-se no milho, essas coisas. Naquela época, era pedagogia moderna.
Eu acho que a coisa mais útil que eu aprendi na escola foi a ler e escrever, que é a base de tudo, e a fazer contas, as quatro contas aritméticas. Na minha época, não era matemática, era aritmética.
Eu estava tentando me lembrar da professora que me ensinou a ler e a escrever... Na verdade, quando eu entrei na escola, eu já sabia ler e escrever porque a minha mãe também é professora. Coitada, era outra sofredora.
Uma professora que me marcou muito foi, já no Segundo Grau, uma professora de literatura brasileira e língua portuguesa, a professor Emília, que conseguia incutir no aluno um grande prazer não só pela leitura, mas em admirar a qualidade da prosa e da poesia em língua portuguesa. Através dela, eu descobri aquele que é, para mim, o maior autor em língua portuguesa — apesar de não ser brasileiro —, Eça de Queirós.
Bom, eu fico emocionado de lembrar da professora Emília. Ela era uma pessoa de muito bom humor, era sarcástica, contava muitas piadas e foi uma das primeiras pessoas que começou a apreciar as babaquices que eu falava, começou a ver ali algum rasgo de inteligência. Então, ela tem uma certa culpa por eu ter virado o que eu sou hoje. Qualquer reclamação, vocês podem falar com ela. Espero que ela esteja viva e gozando de perfeita saúde. Senão, coitada, que Deus a perdoe. Faz um pouco de tempo já.
Outra professora que eu não poderia deixar de lembrar é a Dona Célia, professora do Grupo Escolar Rosa Saporski, onde eu estudei aqui [em Curitiba/PR], que me apresentou a Monteiro Lobato, essencial à formação de toda criança. Monteiro Lobato foi o grande responsável por eu me aproximar dos livros. E eu acho que fora dos livros não existe salvação.
Então, vocês estudem, parem de matar aula, deixem de ser vagabundos e procurem dar valor aos bons professores que vocês têm. Mas os professores ruins, tem mais é que sacanear mesmo. Eu tinha uma professora de sociologia e, na aula dela, a gente fazia uma bagunça danada. Coitada, a gente fazia bagunça o tempo todo. Um dia, ela estava escrevendo no quadro-negro e a gente começou a tacar giz e papel nela. Ela virou para a gente chorando: ‘Olha, parem de jogar papel em mim, parem de jogar coisas em mim. Eu não estou aqui porque eu quero, eu estou aqui porque eu preciso, eu preciso desse dinheiro, eu dou aula porque eu preciso desse dinheiro.’ E virou para o quadro e continuou escrevendo. Então, a gente começou a tacar moedinhas para melhorar a renda dela. Ela desistiu da nossa turma. Foi uma professora inesquecível (risos).”
Eu acho que a coisa mais útil que eu aprendi na escola foi a ler e escrever, que é a base de tudo, e a fazer contas, as quatro contas aritméticas. Na minha época, não era matemática, era aritmética.
Eu estava tentando me lembrar da professora que me ensinou a ler e a escrever... Na verdade, quando eu entrei na escola, eu já sabia ler e escrever porque a minha mãe também é professora. Coitada, era outra sofredora.
Uma professora que me marcou muito foi, já no Segundo Grau, uma professora de literatura brasileira e língua portuguesa, a professor Emília, que conseguia incutir no aluno um grande prazer não só pela leitura, mas em admirar a qualidade da prosa e da poesia em língua portuguesa. Através dela, eu descobri aquele que é, para mim, o maior autor em língua portuguesa — apesar de não ser brasileiro —, Eça de Queirós.
Bom, eu fico emocionado de lembrar da professora Emília. Ela era uma pessoa de muito bom humor, era sarcástica, contava muitas piadas e foi uma das primeiras pessoas que começou a apreciar as babaquices que eu falava, começou a ver ali algum rasgo de inteligência. Então, ela tem uma certa culpa por eu ter virado o que eu sou hoje. Qualquer reclamação, vocês podem falar com ela. Espero que ela esteja viva e gozando de perfeita saúde. Senão, coitada, que Deus a perdoe. Faz um pouco de tempo já.
Outra professora que eu não poderia deixar de lembrar é a Dona Célia, professora do Grupo Escolar Rosa Saporski, onde eu estudei aqui [em Curitiba/PR], que me apresentou a Monteiro Lobato, essencial à formação de toda criança. Monteiro Lobato foi o grande responsável por eu me aproximar dos livros. E eu acho que fora dos livros não existe salvação.
Então, vocês estudem, parem de matar aula, deixem de ser vagabundos e procurem dar valor aos bons professores que vocês têm. Mas os professores ruins, tem mais é que sacanear mesmo. Eu tinha uma professora de sociologia e, na aula dela, a gente fazia uma bagunça danada. Coitada, a gente fazia bagunça o tempo todo. Um dia, ela estava escrevendo no quadro-negro e a gente começou a tacar giz e papel nela. Ela virou para a gente chorando: ‘Olha, parem de jogar papel em mim, parem de jogar coisas em mim. Eu não estou aqui porque eu quero, eu estou aqui porque eu preciso, eu preciso desse dinheiro, eu dou aula porque eu preciso desse dinheiro.’ E virou para o quadro e continuou escrevendo. Então, a gente começou a tacar moedinhas para melhorar a renda dela. Ela desistiu da nossa turma. Foi uma professora inesquecível (risos).”
Luís Nassif
"Eu tive três professores inesquecíveis: a dona Nicolina, que foi diretora da minha escola primária e minha primeira professora durante alguns meses. Ela era muito severa comigo porque eu era muito avoado, distraído. Ela chamava a minha atenção, dava uma dura, era um terror para a gente. Eu descobri que ela gostava de mim e fazia aquilo para o meu bem na minha formatura, quando ela fez questão de me dar o diploma e me fez um elogio que quase me fez cair da cadeira. E depois ela acompanhou minha vida de músico adolescente até morrer.
Depois, no ginásio, tive dois professores inesquecíveis. Eu fui um adolescente terrível, minha adolescência foi um horror! Eu tive um professor, o Nazário, nem sei se era grande professor, mas foi um sujeito, um irmão marista que chegou, de repente, para mim e me deu conselhos, muitos conselhos. E eu tive outro professor, de quem nem guardei o nome, em um período — eu tinha 13 anos, 14 anos — em que toda a diretoria do Marista queria me expulsar e estavam aprontando muito feio comigo. Um dia — eu estava no muro, abraçando a coluna da escola — ele chegou para mim, olhou para mim e disse: 'Você tem razão'. Isso eu guardei para o resto da vida."
Depois, no ginásio, tive dois professores inesquecíveis. Eu fui um adolescente terrível, minha adolescência foi um horror! Eu tive um professor, o Nazário, nem sei se era grande professor, mas foi um sujeito, um irmão marista que chegou, de repente, para mim e me deu conselhos, muitos conselhos. E eu tive outro professor, de quem nem guardei o nome, em um período — eu tinha 13 anos, 14 anos — em que toda a diretoria do Marista queria me expulsar e estavam aprontando muito feio comigo. Um dia — eu estava no muro, abraçando a coluna da escola — ele chegou para mim, olhou para mim e disse: 'Você tem razão'. Isso eu guardei para o resto da vida."
Laís Bodanski
“O colegial, para mim, foi um período muito importante da vida, foi um momento de abertura da minha cabeça, numa época em que estava começando a andar pelo mundo e a descobri-lo. E nisso o colégio foi muito importante para mim. Eu estudei no Colégio Equipe e me lembro de uma professora que foi muito importante para que eu tivesse essa visão de mundo, a Tânia, que foi minha professora de História Geral. Foi uma maneira diferente de estudar História, não de uma forma burocrática e de decorebas. Muito pelo contrário: uma forma reflexiva e curiosa, muitas vezes, de ver o outro lado da história e ver os bastidores da História também. E foi aí que eu descobri que estudar era um prazer e não decorar fatos. Não. Os fatos eram uma conseqüência e a História era tão interessante que você a guardava na memória como um todo. A Tânia foi, como pessoa também, muito importante. Era uma mulher muito forte e divertida. Eram aulas deliciosas.”
Rodrigo Santoro
Rodrigo Santoro em Meu professor Inesquecível
“Eu tive um professor de Português chamado Bibiano. Ele foi meu professor na 6a, na 7a e na 8a séries. Foi um professor muito importante para mim porque — até hoje, eu reconheço isso — ele incentivava a gente a fazer um negócio que se chamava ‘Sessão Literomusical’. Todo bimestre, a gente montava uma peça de teatro. Isso era no lugar da prova. Maravilha, né? (risos) Mentira: tinha prova e tinha isso que valia ponto. Era um trabalho que a gente fazia em grupo e em que a gente adaptava um filme, uma peça de teatro... De alguma coisa, a gente fazia uma apresentação. Isso me incentivou muito a interpretar e eu acho que daí que surgiu a minha vontade, daí que nasceu essa vontade de interpretar. Então, sou muito grato a esse professor de literatura chamado Bibiano. Os alunos, às vezes, acham muito chato estudar literatura, mas é muito interessante. A gente pode aproveitar muito e eu aconselho vocês que estão na escola: ‘Aproveitem esse momento, às vezes parece que é chato, mas depois, quando vocês ficarem mais velhos e forem trabalhar, enfim, quando crescerem, vão usar muito do que vocês estão aprendendo na escola. Então, aproveitem!’”
“Eu tive um professor de Português chamado Bibiano. Ele foi meu professor na 6a, na 7a e na 8a séries. Foi um professor muito importante para mim porque — até hoje, eu reconheço isso — ele incentivava a gente a fazer um negócio que se chamava ‘Sessão Literomusical’. Todo bimestre, a gente montava uma peça de teatro. Isso era no lugar da prova. Maravilha, né? (risos) Mentira: tinha prova e tinha isso que valia ponto. Era um trabalho que a gente fazia em grupo e em que a gente adaptava um filme, uma peça de teatro... De alguma coisa, a gente fazia uma apresentação. Isso me incentivou muito a interpretar e eu acho que daí que surgiu a minha vontade, daí que nasceu essa vontade de interpretar. Então, sou muito grato a esse professor de literatura chamado Bibiano. Os alunos, às vezes, acham muito chato estudar literatura, mas é muito interessante. A gente pode aproveitar muito e eu aconselho vocês que estão na escola: ‘Aproveitem esse momento, às vezes parece que é chato, mas depois, quando vocês ficarem mais velhos e forem trabalhar, enfim, quando crescerem, vão usar muito do que vocês estão aprendendo na escola. Então, aproveitem!’”
Ziraldo
“A história é a seguinte: eu acho que eu tive uma boa quantidade de professores inesquecíveis. A minha primeira professora foi fantástica. Chamava-se Dona Cat, de Catarina. Era uma menina de 16 anos, e a gente chamava ela de Dona Cat. Ela era libertária, porque, na verdade, era uma criança. Ela queria era se divertir na sala de aula, e a gente se divertia com ela. A gente lia muito, aprendeu a ler com muita facilidade porque ela gostava muito de ler e nós todos da escola também aprendemos a gostar.
Na minha época, a Helena Antipof veio pra Minas Gerais. Ela é uma discípula do Claparède e veio fazer uma reforma no ensino. Ela usou uma coisa que as escolas, o Ministério de hoje, não se lembra, que são os monitores, para monitorar as propostas novas de ensino. Quer dizer, em vez de mandar folheto, mandar bilhete, mandar filme, mandava tudo isso, mas mandava também uma professora para aplicar tudo, para ensinar, para renovar o ensino de cada pequena cidade.
Lá em Caratinga (MG), foi uma moça chamada Dona Glorinha d’Ávila, uma mulher maravilhosa também, que foi fundamental na mudança de estrutura do ensino da minha cidade e que acabou sendo expulsa de lá — todas as duas — porque eram muito revolucionárias para o conservadorismo de Minas naquela época.
Depois foi o ginásio e vieram os professores. Aí tem um garoto também na casa dos vinte e poucos anos... E a gente se lembra deles com uma alegria muito grande. O professor marca muito a vida da gente, sabe? É mais fácil nomear quem você esqueceu do que os que você não esquece nunca.”
Na minha época, a Helena Antipof veio pra Minas Gerais. Ela é uma discípula do Claparède e veio fazer uma reforma no ensino. Ela usou uma coisa que as escolas, o Ministério de hoje, não se lembra, que são os monitores, para monitorar as propostas novas de ensino. Quer dizer, em vez de mandar folheto, mandar bilhete, mandar filme, mandava tudo isso, mas mandava também uma professora para aplicar tudo, para ensinar, para renovar o ensino de cada pequena cidade.
Lá em Caratinga (MG), foi uma moça chamada Dona Glorinha d’Ávila, uma mulher maravilhosa também, que foi fundamental na mudança de estrutura do ensino da minha cidade e que acabou sendo expulsa de lá — todas as duas — porque eram muito revolucionárias para o conservadorismo de Minas naquela época.
Depois foi o ginásio e vieram os professores. Aí tem um garoto também na casa dos vinte e poucos anos... E a gente se lembra deles com uma alegria muito grande. O professor marca muito a vida da gente, sabe? É mais fácil nomear quem você esqueceu do que os que você não esquece nunca.”
Luís Mello
"Tive dois professores que marcaram minha vida e definiram minha trajetória. O primeiro conheci quando cursava Ciências Sociais, na Universidade Federal de Londrina. Foi o professor de Sociologia e Antropologia Mauri Cruz. Foi ele quem me deu embasamento ideológico. Ele me mostrou a importância do conhecimento, importância essa que transferi para minha experiência teatral.
O outro professor me ajudou a definir meus parâmetros como ser humano. Durante dez anos, tive o privilégio de trabalhar com um dos mais importantes diretores teatrais do Brasil, Antunes Filho, no grupo Macunaíma, do Centro de Pesquisa Teatral (CPT). Foi quando consegui conquistar meu espaço, para entrar no cinema e na televisão com o patamar que entrei. Antunes Filho não só me forneceu embasamento na carreira teatral como me deu estrutura emocional para enfrentar a vida."
O outro professor me ajudou a definir meus parâmetros como ser humano. Durante dez anos, tive o privilégio de trabalhar com um dos mais importantes diretores teatrais do Brasil, Antunes Filho, no grupo Macunaíma, do Centro de Pesquisa Teatral (CPT). Foi quando consegui conquistar meu espaço, para entrar no cinema e na televisão com o patamar que entrei. Antunes Filho não só me forneceu embasamento na carreira teatral como me deu estrutura emocional para enfrentar a vida."
Lou de Olivier
Jornal'Ecos: Qual o mestre que realmente influiu em sua vida?
Lou: Alguns mestres realmente marcaram minha carreira e merecem destaque:
Como Escritora, devo ao mestre Edmir Fraga. No cursinho, um professor metido a muito sabido criticou muito uma poesia minha e parei de escrever até que fui fazer o Bacharelado em Artes Cênicas e conheci o Professor Edmir. Nas provas ele sempre pedia um comentário sobre algum texto e valorizava mais o que improvisávamos do que o que decorávamos. Eu sempre tirava notas altas apesar de ser a mais dispersa. Uma aluna, um dia, reclamou, disse que todos estudavam, colavam, se esforçavam e tiravam nota baixa. Eu, que era uma "borboleta avoada" tirava notas altas. Ele respondeu que, ao ler uma prova minha, via, claramente, que eu não tinha a mínima idéia do que estava escrevendo, mas escrevia tão bem e coisas tão lindas que ele não tinha coragem de me dar notas baixas. E acrescentou que eu ainda seria uma grande Escritora ou Dramaturga. A partir daí, ninguém me segurou, desandei a escrever textos teatrais, contos, romances...
Na Pesquisa Científica, marcou-me muito a atitude do Professor Doutor Francisco Assumpção Jr, na época, Diretor de Saúde de Psiquiatria Infantil do Hospital das Clínicas de SP. Eu queria muito entender a anoxia que eu tinha sofrido para tentar minha cura e, acima de tudo, para ajudar os bebezinhos que sofriam anoxia perinatal. Tinha só um livro do Professor Doutor Domingos Delacio e minha enorme vontade de dominar o assunto. Meu professor de Neurologia tinha se negado a ser meu orientador, eu era ridicularizada por colegas e até por alguns professores por ter escolhido um tema difícil e, segundo eles, sem aplicação na prática. Chegaram a apelidar-me de "anoxia", isso quando não me chamavam pejorativamente de "artista", "coreógrafa", "atriz", como se essas profissões fossem humilhantes e eu estava prestes a desistir da pesquisa e da área, quando o procurei. Expus minha idéia, meu tema e ele elogiou, disse que era um tema "bem legal". Ele falava assim mesmo, "bem legal", ou seja, não era desses "intelectualóides" falando termos indecifráveis Rapidamente, pegou um papel, fez um esquema do que eu deveria procurar, onde e como procurar. Logo eu tinha um início de projeto. Meus professores da faculdade cobravam pelas orientações e não era barato, então eu perguntei ao Prof. Dr. Francisco, quanto ele me cobraria para orientar-me. Ele disse que seria um preço muito alto e eu não conseguiria pagar. Eu já me preparava para sair da sala dele quando ele me disse: "sabe quanto vai te custar minha orientação? Você terá que tirar nota dez nesta defesa"... Fiquei ensaiando um dia inteiro para contar a ele que só tirara nove e meio, mas ele achou que estava bom assim mesmo. Até hoje eu me emociono ao lembrar desses mestres, realmente, me incentivaram e me fizeram retornar ao meu caminho. Como agradecimento a eles, só posso eterniza-los em minha literatura e, sempre que posso, os cito em entrevistas.
Lou: Alguns mestres realmente marcaram minha carreira e merecem destaque:
Como Escritora, devo ao mestre Edmir Fraga. No cursinho, um professor metido a muito sabido criticou muito uma poesia minha e parei de escrever até que fui fazer o Bacharelado em Artes Cênicas e conheci o Professor Edmir. Nas provas ele sempre pedia um comentário sobre algum texto e valorizava mais o que improvisávamos do que o que decorávamos. Eu sempre tirava notas altas apesar de ser a mais dispersa. Uma aluna, um dia, reclamou, disse que todos estudavam, colavam, se esforçavam e tiravam nota baixa. Eu, que era uma "borboleta avoada" tirava notas altas. Ele respondeu que, ao ler uma prova minha, via, claramente, que eu não tinha a mínima idéia do que estava escrevendo, mas escrevia tão bem e coisas tão lindas que ele não tinha coragem de me dar notas baixas. E acrescentou que eu ainda seria uma grande Escritora ou Dramaturga. A partir daí, ninguém me segurou, desandei a escrever textos teatrais, contos, romances...
Na Pesquisa Científica, marcou-me muito a atitude do Professor Doutor Francisco Assumpção Jr, na época, Diretor de Saúde de Psiquiatria Infantil do Hospital das Clínicas de SP. Eu queria muito entender a anoxia que eu tinha sofrido para tentar minha cura e, acima de tudo, para ajudar os bebezinhos que sofriam anoxia perinatal. Tinha só um livro do Professor Doutor Domingos Delacio e minha enorme vontade de dominar o assunto. Meu professor de Neurologia tinha se negado a ser meu orientador, eu era ridicularizada por colegas e até por alguns professores por ter escolhido um tema difícil e, segundo eles, sem aplicação na prática. Chegaram a apelidar-me de "anoxia", isso quando não me chamavam pejorativamente de "artista", "coreógrafa", "atriz", como se essas profissões fossem humilhantes e eu estava prestes a desistir da pesquisa e da área, quando o procurei. Expus minha idéia, meu tema e ele elogiou, disse que era um tema "bem legal". Ele falava assim mesmo, "bem legal", ou seja, não era desses "intelectualóides" falando termos indecifráveis Rapidamente, pegou um papel, fez um esquema do que eu deveria procurar, onde e como procurar. Logo eu tinha um início de projeto. Meus professores da faculdade cobravam pelas orientações e não era barato, então eu perguntei ao Prof. Dr. Francisco, quanto ele me cobraria para orientar-me. Ele disse que seria um preço muito alto e eu não conseguiria pagar. Eu já me preparava para sair da sala dele quando ele me disse: "sabe quanto vai te custar minha orientação? Você terá que tirar nota dez nesta defesa"... Fiquei ensaiando um dia inteiro para contar a ele que só tirara nove e meio, mas ele achou que estava bom assim mesmo. Até hoje eu me emociono ao lembrar desses mestres, realmente, me incentivaram e me fizeram retornar ao meu caminho. Como agradecimento a eles, só posso eterniza-los em minha literatura e, sempre que posso, os cito em entrevistas.
Queridos professores, por Melissa
Depois de pai e mãe, professor é a pessoa que mais pode influenciar uma criança. Eles variam de tamanho, idade, matéria e outras mil coisas, mas uma coisa é certa, têm nas mãos o poder de mudar muita coisa na vida de seus alunos.
Hoje, com 26 anos, e na metade da faculdade, ainda tenho muito professor pela frente. Cada matéria nova do meu curso será dada por um professor novo. Isso gera uma expectativa quase sempre prejudicial. Fofoca de como professor é, não é, foi e será vira sempre assunto e a fofoca corre solta.
Eu tenho que admitir que fui uma aluna aplicada mas não era fácil com os professores. Todo ano invocava com um ou outro, e levava bronca da minha mãe quando chegava em casa reclamando e contando o que tal professor falou ou fez. Fui mandada várias vezes para a sala do diretor, ou para ficar ‘pensando no que tinha feito’ fora da sala. Nos últimos anos, aprendi a segurar o meu pavio curto, mas algumas vezes tive razão.
Por exemplo, na vez em que entreguei um trabalho para um professor de religião, escrito a mão. Ele tinha pedido para todos escreverem no computador, mas por uma razão que agora não me lembro, não pude. Mas tive que fazer do mesmo jeito. Então entreguei e uma semana depois recebi de volta com a a nota: D. (Sistema ia de A para F, sendo A equivalente à um 10.) Em baixo do D, ele escreveu que eu merecia um B, mas como eu tinha feito à mão, então a minha nota era D. Isso virou um caso para as autoridades da escola e minha mãe foi na escola bater um papo com esse religioso.
Eu me lembro de todos os professores que tive; do primário até o colegial. Lembro também de professor de piano, da professora de inglês que me preparou para fazer uma prova quando tinha cinco anos. Foram meses de preparo e aulas quase todas as tardes. Eu tinha que saber o básico para poder entrar na escola que meus pais queriam que eu entrasse. Na hora de fazer a prova, não abri a boca (para o orgulho da minha mãe). No fim fizeram um acordo e me colocaram no pré ao invés da primeira série. Assim poderia ter tempo de aprender normalmente.
Muitos professores me marcaram, e ainda lembro deles com carinho. Outros nem tanto. Professor de matéria que eu não gostava tanto difícilmente era popular e o contrário vale para professores de matérias que até hoje me interesso, mesmo não tendo nada a ver com jornalismo.
Por exemplo, o meu professor de biologia e química que tive durante o colegial. Foi com ele que meu interesse e fascínio pela biologia nasceu. Ele conseguiu, pelo menos comigo, me fazer ver a beleza da biologia. Também me interesso por química, mas nunca tive a mesma facilidade. Com a química tive que estudar o triplo do normal para poder passar. Mas eu adorava as quartas-feiras, quando tínhamos o laboratório só para nós.
Matemática nunca foi o meu forte, e nunca tive notas altíssimas. Mas aprendi q ver a matemática como um jogo. Um jogo com regras que têm que serem aprendidas. Acho que os professoras sabiam o quanto eu tinha que estudar para conseguir passar nas matérias que involviam cálculos e muitos me ajudaram. Um chegou até a me dar a minha prova final, que faltava alguns pontos para ser aprovada, me dizendo que eu deveria sentar e tentar resolver mais alguns exercícios. Quando disse que eu realmente não ia conseguir resolver mais nada, ele insistiu. E foi assim que passei o meu curso de algebra e trigonometria.
Infelizmente, os meus professores de história e geografia não me marcarm tanto. Mas como disse, cada professor com o seu jeito de ensinar. A professora de história do Brasil, escrevia tudo no quadro negro e ai de quem não copiasse. As provas delas eram temidas. Era ela que corrigia prova com caneta vermelha e parecia que o papel estava sangrando. Numa questão que valia dez pontos, ela, nunca satisfeita com a sua resposta, te dava dois pontos e escrevia ‘SÓ???’.
A outra, de história mundial, tinha um jeito muito mais tranquilo de ensinar e queria que nós aprendessemos. Ela dava não só as dez perguntas que poderiam cair na prova, mas também as respostas, dois ou três dias antes. No dia da prova, fazia sorteio.
Mas professor também pode ser um pouco estranho. A minha da quinta série, proibiu a classe toda de usar isopor para fazer projetos. Ela era, aparentemente, muito preucupada com o meio ambiente. Mas fazia coleção de mariposas e tinha várias. Ela foi parar na escola perfeita para sua hobby, porque era rodeada por uma floresta. Um dia na fila do almoço, avistou uma mariposa enorme na parede e não resistiu. Fincou o garfo nela e levou para casa. Aquela cena nunca saiu da minha cabeça. E ela também misturava o café com uma chave comprida que trancava a nossa sala.
As que mais me marcaram foram as de português, inglês e literatura. A professora de literatura (em inglês) do último ano tinha fama de má e brava na escola. Todos os alunos tinham medo dela. No fim do ano, foi um dos cursos mais agradáveis e ela uma das professora mais queridas. As outras de português e literatura (em português) também me marcaram muito. Me marcarm tanto que escrever é o que escolhi fazer, na profissão e no tempo livre. Deixo aqui meus agradecimentos.
Hoje, com 26 anos, e na metade da faculdade, ainda tenho muito professor pela frente. Cada matéria nova do meu curso será dada por um professor novo. Isso gera uma expectativa quase sempre prejudicial. Fofoca de como professor é, não é, foi e será vira sempre assunto e a fofoca corre solta.
Eu tenho que admitir que fui uma aluna aplicada mas não era fácil com os professores. Todo ano invocava com um ou outro, e levava bronca da minha mãe quando chegava em casa reclamando e contando o que tal professor falou ou fez. Fui mandada várias vezes para a sala do diretor, ou para ficar ‘pensando no que tinha feito’ fora da sala. Nos últimos anos, aprendi a segurar o meu pavio curto, mas algumas vezes tive razão.
Por exemplo, na vez em que entreguei um trabalho para um professor de religião, escrito a mão. Ele tinha pedido para todos escreverem no computador, mas por uma razão que agora não me lembro, não pude. Mas tive que fazer do mesmo jeito. Então entreguei e uma semana depois recebi de volta com a a nota: D. (Sistema ia de A para F, sendo A equivalente à um 10.) Em baixo do D, ele escreveu que eu merecia um B, mas como eu tinha feito à mão, então a minha nota era D. Isso virou um caso para as autoridades da escola e minha mãe foi na escola bater um papo com esse religioso.
Eu me lembro de todos os professores que tive; do primário até o colegial. Lembro também de professor de piano, da professora de inglês que me preparou para fazer uma prova quando tinha cinco anos. Foram meses de preparo e aulas quase todas as tardes. Eu tinha que saber o básico para poder entrar na escola que meus pais queriam que eu entrasse. Na hora de fazer a prova, não abri a boca (para o orgulho da minha mãe). No fim fizeram um acordo e me colocaram no pré ao invés da primeira série. Assim poderia ter tempo de aprender normalmente.
Muitos professores me marcaram, e ainda lembro deles com carinho. Outros nem tanto. Professor de matéria que eu não gostava tanto difícilmente era popular e o contrário vale para professores de matérias que até hoje me interesso, mesmo não tendo nada a ver com jornalismo.
Por exemplo, o meu professor de biologia e química que tive durante o colegial. Foi com ele que meu interesse e fascínio pela biologia nasceu. Ele conseguiu, pelo menos comigo, me fazer ver a beleza da biologia. Também me interesso por química, mas nunca tive a mesma facilidade. Com a química tive que estudar o triplo do normal para poder passar. Mas eu adorava as quartas-feiras, quando tínhamos o laboratório só para nós.
Matemática nunca foi o meu forte, e nunca tive notas altíssimas. Mas aprendi q ver a matemática como um jogo. Um jogo com regras que têm que serem aprendidas. Acho que os professoras sabiam o quanto eu tinha que estudar para conseguir passar nas matérias que involviam cálculos e muitos me ajudaram. Um chegou até a me dar a minha prova final, que faltava alguns pontos para ser aprovada, me dizendo que eu deveria sentar e tentar resolver mais alguns exercícios. Quando disse que eu realmente não ia conseguir resolver mais nada, ele insistiu. E foi assim que passei o meu curso de algebra e trigonometria.
Infelizmente, os meus professores de história e geografia não me marcarm tanto. Mas como disse, cada professor com o seu jeito de ensinar. A professora de história do Brasil, escrevia tudo no quadro negro e ai de quem não copiasse. As provas delas eram temidas. Era ela que corrigia prova com caneta vermelha e parecia que o papel estava sangrando. Numa questão que valia dez pontos, ela, nunca satisfeita com a sua resposta, te dava dois pontos e escrevia ‘SÓ???’.
A outra, de história mundial, tinha um jeito muito mais tranquilo de ensinar e queria que nós aprendessemos. Ela dava não só as dez perguntas que poderiam cair na prova, mas também as respostas, dois ou três dias antes. No dia da prova, fazia sorteio.
Mas professor também pode ser um pouco estranho. A minha da quinta série, proibiu a classe toda de usar isopor para fazer projetos. Ela era, aparentemente, muito preucupada com o meio ambiente. Mas fazia coleção de mariposas e tinha várias. Ela foi parar na escola perfeita para sua hobby, porque era rodeada por uma floresta. Um dia na fila do almoço, avistou uma mariposa enorme na parede e não resistiu. Fincou o garfo nela e levou para casa. Aquela cena nunca saiu da minha cabeça. E ela também misturava o café com uma chave comprida que trancava a nossa sala.
As que mais me marcaram foram as de português, inglês e literatura. A professora de literatura (em inglês) do último ano tinha fama de má e brava na escola. Todos os alunos tinham medo dela. No fim do ano, foi um dos cursos mais agradáveis e ela uma das professora mais queridas. As outras de português e literatura (em português) também me marcaram muito. Me marcarm tanto que escrever é o que escolhi fazer, na profissão e no tempo livre. Deixo aqui meus agradecimentos.
2006/03/27
Professor José de Sousa Esteves
Peço a António Capucho que dê o nome de José Esteves a uma rua de Cascais.
Encontro o professor com alguma frequência no Shopping ou no Jumbo onde ele se desloca todos os dias por via das sopas, dos livros, dos CDs e das fotografias. (São originais os auto - retratos de aniversário). É assim que ele se alimenta.
Nutrição frugal para um octogenário cuidadoso, literatura e música, a que eu acrescento, muita vontade de viver para ver o mundo mudar.
É com crescente ternura e respeito que o revejo desde os meus 12 anos, no Liceu de Oeiras, reconhecendo que o tempo cimenta a amizade.
Foi ele que em meia dúzia de palavras e exemplos me mostrou para que serve o Desporto que ele professa, que não os outros desportos que condena, o que é “espírito de grupo” e o que é viver com e para um objectivo. Saberes que tanto servem no rectângulo do jogo como, no da vida.
Com o seu sorriso simpático e a sua memória impressionante, reconhece a maioria dos seus milhares de alunos pelo nome completo. Conta de cada um, pormenores de que já nem nós nos recordamos.
Vive em Cascais, este exemplo de democrata, caprichosamente na rua Marechal Carmona, um não democrata, no numero 864, há cerca de 50 anos.
“Luís Evaristo Pereira de Sousa” diz – me ele enchendo – me de uma gratidão e algum receio que se justifica muito para além de ter decorado, há meio século, o meu nome de aluno traquina, porque admito ser ele possuidor de alguma ciência ignota, que lhe permitiu conhecer mais dos seus alunos que eles próprios.
E minha vida académica, confesso, não é para emoldurar.
“Todos conhecemos as ideias e o magistério do prof. José de Sousa Esteves, nos domínios da pedagogia e do desporto. Mas, para mim, ele está de modo particular ligado á sua acção na Academia de Coimbra, durante os anos da 2ª Guerra Mundial, e do período que imediatamente se lhe seguiu. Cristão, democrata e socialista, corajoso interventor nas lutas pela liberdade, pela justiça, pela dignidade humana, a sua actividade cívica foi sempre um compromisso para com a sua consciência e uma exigência de quem tem mais para dar que a receber.”
Quem o disse foi Salgado Zenha seu amigo durante muitos anos, até á hora da morte.
Zenha, um dos muitos, milhares de amigos, porque não houve um único aluno que não sentisse admiração por aquele professor que procurava semear em cada um de nós a vontade de modificar o mundo. Pelo menos o nosso que tanto poderia ser o da turma, da equipa, do Liceu ou do País.
Sociólogo do desporto autor de trabalhos fundamentais, respeitado e estudado em muitas faculdades europeias e americanas, o velho professor hoje, ainda terá uma palavra a dizer , se lha derem.
Os admiradores, são gente anónima, ou até Presidentes da Republica. Para Jorge Sampaio “José Esteves tem a qualidade de nos fazer pensar. As suas perguntas são uma fonte inesgotável de reflexão…. As suas práticas não contradizem nunca as suas teorias. …É sempre o mesmo cidadão que não se demite do seu papel de”consciência critica” e que não cala a sua indignação perante “todos os racismos...”
Não seja por, nos seus 86 anos ter sido algumas vezes incómodo, para políticos bem acomodados, para pensadores de circunstância, para instituições de acções dúbias, que José Esteves, não tenha o seu nome numa rua da nossa “cidade”. Lembro que são os incómodos, quem faz andar o mundo.
Será uma honra para Cascais e seremos muitos a ficar felizes. Contudo, jamais ficaremos com a ideia de que alguma vez retribuiremos o muito que o “velho professor” nos legou nas suas aulas, nos seus livros ou no seu dia – a- dia.
E para que se saiba, e o comprometa, termino com as palavras de António Capucho, o nosso Presidente na contra -capa de um dos seus livros; “José Esteves foi meu professor no Liceu de Oeiras. Foi um dos raros professores que nos marcaram positivamente para o resto da vida. Sabia tornar atraentes as aulas de Ginástica, mesmo para aqueles que não tinham especial aptidão física. Sabia também adivinhar em nós a existência deste ou daquele problema pessoal, e discretamente, abordar – nos criando o ambiente de intimidade indispensável para o necessário desabafo sem paternalismos e uma infindável capacidade de compreensão”.
Então António Capucho onde está a dúvida? De que estamos à espera? Merece ou não merece?
(Enviado por email por Luis Pereira de Sousa)
Encontro o professor com alguma frequência no Shopping ou no Jumbo onde ele se desloca todos os dias por via das sopas, dos livros, dos CDs e das fotografias. (São originais os auto - retratos de aniversário). É assim que ele se alimenta.
Nutrição frugal para um octogenário cuidadoso, literatura e música, a que eu acrescento, muita vontade de viver para ver o mundo mudar.
É com crescente ternura e respeito que o revejo desde os meus 12 anos, no Liceu de Oeiras, reconhecendo que o tempo cimenta a amizade.
Foi ele que em meia dúzia de palavras e exemplos me mostrou para que serve o Desporto que ele professa, que não os outros desportos que condena, o que é “espírito de grupo” e o que é viver com e para um objectivo. Saberes que tanto servem no rectângulo do jogo como, no da vida.
Com o seu sorriso simpático e a sua memória impressionante, reconhece a maioria dos seus milhares de alunos pelo nome completo. Conta de cada um, pormenores de que já nem nós nos recordamos.
Vive em Cascais, este exemplo de democrata, caprichosamente na rua Marechal Carmona, um não democrata, no numero 864, há cerca de 50 anos.
“Luís Evaristo Pereira de Sousa” diz – me ele enchendo – me de uma gratidão e algum receio que se justifica muito para além de ter decorado, há meio século, o meu nome de aluno traquina, porque admito ser ele possuidor de alguma ciência ignota, que lhe permitiu conhecer mais dos seus alunos que eles próprios.
E minha vida académica, confesso, não é para emoldurar.
“Todos conhecemos as ideias e o magistério do prof. José de Sousa Esteves, nos domínios da pedagogia e do desporto. Mas, para mim, ele está de modo particular ligado á sua acção na Academia de Coimbra, durante os anos da 2ª Guerra Mundial, e do período que imediatamente se lhe seguiu. Cristão, democrata e socialista, corajoso interventor nas lutas pela liberdade, pela justiça, pela dignidade humana, a sua actividade cívica foi sempre um compromisso para com a sua consciência e uma exigência de quem tem mais para dar que a receber.”
Quem o disse foi Salgado Zenha seu amigo durante muitos anos, até á hora da morte.
Zenha, um dos muitos, milhares de amigos, porque não houve um único aluno que não sentisse admiração por aquele professor que procurava semear em cada um de nós a vontade de modificar o mundo. Pelo menos o nosso que tanto poderia ser o da turma, da equipa, do Liceu ou do País.
Sociólogo do desporto autor de trabalhos fundamentais, respeitado e estudado em muitas faculdades europeias e americanas, o velho professor hoje, ainda terá uma palavra a dizer , se lha derem.
Os admiradores, são gente anónima, ou até Presidentes da Republica. Para Jorge Sampaio “José Esteves tem a qualidade de nos fazer pensar. As suas perguntas são uma fonte inesgotável de reflexão…. As suas práticas não contradizem nunca as suas teorias. …É sempre o mesmo cidadão que não se demite do seu papel de”consciência critica” e que não cala a sua indignação perante “todos os racismos...”
Não seja por, nos seus 86 anos ter sido algumas vezes incómodo, para políticos bem acomodados, para pensadores de circunstância, para instituições de acções dúbias, que José Esteves, não tenha o seu nome numa rua da nossa “cidade”. Lembro que são os incómodos, quem faz andar o mundo.
Será uma honra para Cascais e seremos muitos a ficar felizes. Contudo, jamais ficaremos com a ideia de que alguma vez retribuiremos o muito que o “velho professor” nos legou nas suas aulas, nos seus livros ou no seu dia – a- dia.
E para que se saiba, e o comprometa, termino com as palavras de António Capucho, o nosso Presidente na contra -capa de um dos seus livros; “José Esteves foi meu professor no Liceu de Oeiras. Foi um dos raros professores que nos marcaram positivamente para o resto da vida. Sabia tornar atraentes as aulas de Ginástica, mesmo para aqueles que não tinham especial aptidão física. Sabia também adivinhar em nós a existência deste ou daquele problema pessoal, e discretamente, abordar – nos criando o ambiente de intimidade indispensável para o necessário desabafo sem paternalismos e uma infindável capacidade de compreensão”.
Então António Capucho onde está a dúvida? De que estamos à espera? Merece ou não merece?
(Enviado por email por Luis Pereira de Sousa)
2006/03/12
José Cardoso Pires
" (...)
Cardoso Pires - Tive professores como o Câmara Reis, de Literatura, que era um bom professor. Mas era um bom professor não para um Liceu, mas para uma Universidade. Ele partia do princípio de que toda a gente já sabia o mínimo. E 90% não sabia.
J.C. Amarante - Portanto dava aulas para níveis mais avançados...
Cardoso Pires - A mim, esse professor deu literatura e foi um deslumbramento.
J. C. Amarante - Porquê?
Cardoso Pires - Porque ele falava de autores de que eu nunca tinha ouvido falar. Lembro-me muito bem que nessa altura (eu já tinha 15 anos), li o grande escritor da minha vida, o Ferreira de Castro. Foi um contacto que me transformou. Já estava farto de Bernardim Ribeiro.
J. C. Amarante - Houve outros professores?
Cardoso Pires - Sim, no 6º ano tive a sorte de encontrar um professor de Matemática, muito temido, chamado Alberto Beirão, que chumbava cavalarmente. Mas havia um grande respeito por ele. Quando aparecia numa turma, ficava tudo com medo porque, para começar, dava logo uma vassourada. Esse professor gostava muito de falar de História da Matemática e isso interessou-me. Eu não terminei o curso de Matemática por causa de duas cadeiras.
J. C. Amarante- Mas houve um outro professor de Matemática?
Cardoso Pires - Sim, houve. E era muito parecido com o Prof. Alberto Beirão. Ao explicar uma coisa, ele dizia, por exemplo, «este teorema foi inventado por Euclides. Quem foi Euclides?». Aquilo embalava as pessoas. De maneira, que pela primeira vez, tive notas razoáveis.
(...) "
José Cardoso Pires
(in Noesis-nº46-ABR/JUN 1998)
2006/02/25
Os Professores que eu não tive - por José Jorge Letria
Frequentei a escola primária no chamado regime oficial, em meados dos anos 50, na vila de Cascais, terra onde nasci e na qual desempenhei as funções de vereador, designadamente na área da cultura.
Quando revisito esses tempos, ou seja, os da minha infância e dos meus primeiros contactos com a actividade escolar, mais do que recordar-me de um professor ou de professores em particular, do que me recordo é do carácter repressivo que o ensino tinha nessa época, não conseguindo os professores, mesmo os mais seníveis e humanos, libertar-se desse estigma que, forçosamente, se reflectia de forma negativa no quotidiano dos alunos.
Por isso, ainda que me custe,, não posso destacar nenhum professor em particular, embora tenha de alguns deles algumas recordações agradáveis, que, no entanto, têm mais a ver com a vertente humana do que com a qualidade do ensino praticado.
Em meados dos anos 50, ou seja, em plena ditadura, o ensino oficial era ainda o da réguada,, da ponteirada, do alinhamento quase marcial dos alunos em filas junto às paredes e da vigilância permanente em relação a qualquer forma de rebeldia que perturbasse a "ordem" que os docentes desejavam que fosse dominante. Não posso garantir que fosse este o ambiente geral nas escolas do ensino primário em todo o país, mas sei que foi este o ambiente que conheci e vivi e que não me deixou recordações particularmente agradáveis.
Esse tempo, para além do carácter repressivo, era também marcado pela generalizada rejeição da criatividade e das formas mais engenhosas de imaginação infantil.
Não se contavam histórias, não se estimulava o imaginário infantil e colectivo nem se apoiava nada do que fosse criativo ou diferente. Tudo se regia pela norma, pela regra, pela ortodoxia da mediocridade, à medida de um tempo que, no plano estritamente escolar, não me deixou saudades.
Frequentei depois, durante sete anos, até entrar na Universidade em 1968, o Liceu Nacional de Oeiras, onde tive a sorte de lidar com professores que já nada tinham a ver com a pobreza de horizontes dos meus tempos de escola primária. Dessa época recordo nomes como Joana de Barros, Manuel Tavares, Hardison Pereira, Viirgínia Lima e José Esteves, alguns já falecidos, que me transmitiram, através das disciplinas que leccionavam, o gosto pela aquisição de novos saberes e sobretudo a paixão pela liberdade enquanto componente fundamental da fruição e da compreensão da cultura.
Não direi que foram esses os professores da minha vida, pois acho que os professores da minha vida os encontrei sobretudo fora da escola, mas posso assegurar que a qualidade humana e intelectual dos que refeti tornou o meu processo de crescimento e emancipação intelectual mais sólido e mais concistente. Foi também nessa época que compreendi, em toda a extensão dessa forma de percepção, a importância que tema relação do adolescente com a escola e a educação na formação plena, livre e criativa dos cidadãos do presente e do futuro.
Hoje, 32 anos depois do 25 de Bril, considero que o sistema escolar português pode evidenciar muitas carências e defeitos, mas sou forçado a sublinhar que as condições de liberdade em que funciona o tornam, em absoluto incomparável com a realidade que eu vivi enquanto fui criança e adolescente...
José Jorge Letria é autor de Literatura Infantil e juvenil. Foi distinguido, nomeadamente, com o "Prémio Ambiente na Literatura Infantil" nos livros "O Grande Continente Azul", "Uma viagem verde" e "O pequeno pintor".
Blogue O Professor da minha Vida
Dê valor a um(a) professor(a) escrevendo uma postagem sobre como um professor mudou a sua vida.
Recorde um epísódio da sua vida enquanto aluno e qual o Professor (ou Professores) que mais contribuíram para o sucesso da sua vida profissional e/ou que mais o influenciaram.
A Educação e as nossas crianças e jovens precisam dos melhores professores.
Uma maneira de termos a certeza de alguma coisa é encorajá-la!
Nós precisámos encorajar pessoas boas, qualificadas para irem para o ensino.
Comecemos por apreciar os bons professores que já temos (ou tivemos no passado).
A maior parte das pessoas de certeza que se consegue lembrar de um professor que mudou as suas vidas, as encorajou, as guiou, etc.
O Professor da Minha Vida é um blogue onde você pode falar ao mundo sobre aquele professor que fez uma diferença na sua vida.
Por favor visite o blogue, leia algumas das postagens e contribua com a sua própria história (por email ou deixando um comentário).
Os Professores (e os seus actuais e futuros alunos) vão agradecer!
Recorde um epísódio da sua vida enquanto aluno e qual o Professor (ou Professores) que mais contribuíram para o sucesso da sua vida profissional e/ou que mais o influenciaram.
A Educação e as nossas crianças e jovens precisam dos melhores professores.
Uma maneira de termos a certeza de alguma coisa é encorajá-la!
Nós precisámos encorajar pessoas boas, qualificadas para irem para o ensino.
Comecemos por apreciar os bons professores que já temos (ou tivemos no passado).
A maior parte das pessoas de certeza que se consegue lembrar de um professor que mudou as suas vidas, as encorajou, as guiou, etc.
O Professor da Minha Vida é um blogue onde você pode falar ao mundo sobre aquele professor que fez uma diferença na sua vida.
Por favor visite o blogue, leia algumas das postagens e contribua com a sua própria história (por email ou deixando um comentário).
Os Professores (e os seus actuais e futuros alunos) vão agradecer!