2006/04/24

 

Raí

"Dona Mirna, professora de Português da 4ª série do 1º grau no Colégio Marista de Ribeirão Preto, via potencial em mim. Por isso mesmo, era muito exigente comigo. Como eu sempre fui muito distraído, isso me fazia bem. Além de tudo, ela lembrava minha mãe."

 

Falcão

"Eu tive uma professora (da qual me esqueci o nome) que ficou na minha memória para sempre, mais pelo que ela fez por mim do que pela sua fisionomia ou nome. Ela era minha professora de Língua Portuguesa na 7ª série, no colégio Júlia Jorge, em Fortaleza, no ano de 1972.

Ela, a professora sem nome, usava um método que me abriu a percepção para a leitura e despertou meu gosto pela produção literária, se é que o que eu faço em matéria de composição literomusical pode ser assim chamado.

Éramos, eu e os colegas de turma, obrigados a ler diariamente, nem que fosse a bula de algum remédio, e depois escrevíamos no mínimo uma lauda sobre o assunto lido.

Um dia a professora me chamou e disse que eu era um dos seus alunos que podia no futuro se dar bem nesse ofício de escrever.

E disse mais: que eu era mesmo bom nisso e que deveria ir guardando numa gaveta tudo que fosse escrevendo. Eu peguei corda e fiz exatamente assim. Resultado: algumas músicas, que eu até já gravei, saíram dessa gaveta."

 

Projeto Teatro Vai à Escola

Tadeu Aguiar
"Eu estava na 6a série quando conheci uma professora chamada Dona Inês, uma ex-freira. Ela era minha professora de História e eu comecei a gostar dessa disciplina por causa dela. Ela tinha uma maneira muito especial de ensinar. Naquela época, para os professores usarem recursos de multimídia era muito complicado. Eu me lembro de que ela viajava pra Europa, pra Grécia, pro Egito e trazia slides. Isso foi no Colégio Estadual Tomás Alberto Whatelly, em Ribeirão Preto, em 1973. Eu nunca mais me esqueci dessa mulher. Sempre que faço meus espetáculos me lembro das aulas que ela dava. Não era aulas chatas, mas sim interessantes. Como meu projeto é destinado a estudantes, sempre penso em fazer espetáculos interessantes e que falem do que eles estão vivendo de uma maneira divertida."

Eduardo Bahr
Meu professor inesquecível, sem dúvida, é o Latuf Isaías Mucci, um professor de Filosofia que conheci na Pós-graduação em Literatura Infanto-Juvenil, na Universidade Federal Fluminense.
Ele era muito especial porque me mostrou que as palavras não são só palavras. Ele me mostrou que tem um universo inteiro dentro de cada palavra e que, quanto mais a gente as conhece, mais a gente sabe articular, mais a gente sabe pensar. Uma outra coisa muito importante que ele me ensinou também é que o que a gente diz é muito sério porque é o que o outro vai ouvir. E se a gente diz uma coisa errada, truncada, não clara, a informação se perde.
Quando eu cheguei à aula dele, na primeira aula, ele falou: 'Eu não permito que meus alunos falem gíria.' E aquilo me deu um medo muito grande. Como é que eu não ia falar gíria, se todo mundo falava? E, aos poucos, eu fui entendendo o que isso tinha a ver com as questões da comunicação. Ele é um professor super-rígido e, ao mesmo tempo, superdoce. Uma coisa importante - que eu levei para as minhas aulas de Educação Artística - é que ele lançava as questões, mas eram os alunos que voavam, eram os alunos que faziam delas aulas. Era bacana, porque cada um crescia e ele ajudava cada um a crescer.
Como sou escritor, pra mim, ele foi fundamental, assim como foi determinante ter passado por ele para ser quem sou hoje. Obrigado, Latuf!"

Lorenzza Merhy
"O meu também é um professor da faculdade. O nome dele é Ricardo Sales. Ele era professor de Filosofia da Política na Universidade Estácio de Sá.
Era uma das matérias sobre a qual eu pensava: 'Nossa, essa matéria deve ser muito chata.' Filosofia já é difícil, imagine Filosofia da Política! Era Locke, Hobbes. É superdifícil, mas ele fez com que ficasse fácil. Ele pegava exemplos do dia-a-dia da gente pra mostrar que podia ser fácil. Aí surgiam discussões, idéias novas, trabalhos. Acho que foi a matéria de que eu mais gostei na faculdade [de Relações Internacionais]! Pra mim, não era chata porque estava superbem explicada. Ele era um excelente professor e eu tenho muita saudade dele."

 

Paulo Henrique Amorim

"O meu professor inesquecível foi um professor de História chamado Manuel Maurício de Albuquerque, também conhecido como 'China'. O professor Manuel Maurício tinha evidentemente, para merecer o apelido, os olhos meio puxados, embora fosse pernambucano. Não tinha nada de chinês. Ele fumava ininterruptamente, dava aula fumando e equilibrava o giz e o apagador com a mesma mão com que administrava o cigarro. Me lembro dele com uma profunda emoção, me sensibilizo até hoje.

Eu fui aluno dele no curso ginasial, no curso clássico e depois na faculdade. Eu comecei a estudar com ele História das Américas e me lembro muito bem que ele nos ajudou a colocar o Brasil em perspectiva, dentro da visão do mundo ibérico, com os vizinhos de língua espanhola, nos mostrou a história fantástica de Bolívar e nos falava de Thomas Jefferson. Isso foi no segundo ano ginasial. Depois, no curso clássico, ele dava aula de História do Brasil, e me lembro dele nos falando de história colonial e nos fazendo ler Capistrano de Abreu.

Mas o meu melhor momento de convivência com o professor Manuel Maurício foi quando entrei na universidade, na PUC, para estudar Sociologia. Ele nos deu aula de história e nos levou a ler Gilberto Freyre. Fizemos uma leitura monitorada por ele, guiada por ele, de Casa-Grande e Senzala. Acho que é um patrimônio que carrego comigo até hoje.

Além disso, o professor Maurício nos orientou. Eu estudava no Colégio Aplicação, no Rio de Janeiro, onde fiz o ginásio e o clássico. O professor Manuel Maurício foi o nosso guia numa excursão que fizemos a Ouro Preto e a todo o barroco de Minas. Fomos a Congonhas, Mariana, Tiradentes, Ouro Preto, passamos duas semanas inesquecíveis. Eram 40 garotos e garotas de ginásio e foi uma farra monumental. Visitávamos aquelas igrejas, acompanhávamos o Aleijadinho, Congonhas do Campo e tudo aquilo sob os olhos quase que cúmplices do professor Manuel Maurício, que também era um profundo conhecedor da história do barroco mineiro. Além de outras virtudes, conhecia a história do barroco mineiro muito bem e isso também é um patrimônio cultural que eu carrego comigo e devo a esse grande professor, Manuel Maurício de Albuquerque."

 

Marcelo Madureira em Meu professor Inesquecível

“Eu tive muitos professores e professoras que me ‘marcaram’ muito, porque, na minha época, ainda se batia muito na escola, puxava-se orelha, ajoelhava-se no milho, essas coisas. Naquela época, era pedagogia moderna.

Eu acho que a coisa mais útil que eu aprendi na escola foi a ler e escrever, que é a base de tudo, e a fazer contas, as quatro contas aritméticas. Na minha época, não era matemática, era aritmética.

Eu estava tentando me lembrar da professora que me ensinou a ler e a escrever... Na verdade, quando eu entrei na escola, eu já sabia ler e escrever porque a minha mãe também é professora. Coitada, era outra sofredora.

Uma professora que me marcou muito foi, já no Segundo Grau, uma professora de literatura brasileira e língua portuguesa, a professor Emília, que conseguia incutir no aluno um grande prazer não só pela leitura, mas em admirar a qualidade da prosa e da poesia em língua portuguesa. Através dela, eu descobri aquele que é, para mim, o maior autor em língua portuguesa — apesar de não ser brasileiro —, Eça de Queirós.

Bom, eu fico emocionado de lembrar da professora Emília. Ela era uma pessoa de muito bom humor, era sarcástica, contava muitas piadas e foi uma das primeiras pessoas que começou a apreciar as babaquices que eu falava, começou a ver ali algum rasgo de inteligência. Então, ela tem uma certa culpa por eu ter virado o que eu sou hoje. Qualquer reclamação, vocês podem falar com ela. Espero que ela esteja viva e gozando de perfeita saúde. Senão, coitada, que Deus a perdoe. Faz um pouco de tempo já.

Outra professora que eu não poderia deixar de lembrar é a Dona Célia, professora do Grupo Escolar Rosa Saporski, onde eu estudei aqui [em Curitiba/PR], que me apresentou a Monteiro Lobato, essencial à formação de toda criança. Monteiro Lobato foi o grande responsável por eu me aproximar dos livros. E eu acho que fora dos livros não existe salvação.

Então, vocês estudem, parem de matar aula, deixem de ser vagabundos e procurem dar valor aos bons professores que vocês têm. Mas os professores ruins, tem mais é que sacanear mesmo. Eu tinha uma professora de sociologia e, na aula dela, a gente fazia uma bagunça danada. Coitada, a gente fazia bagunça o tempo todo. Um dia, ela estava escrevendo no quadro-negro e a gente começou a tacar giz e papel nela. Ela virou para a gente chorando: ‘Olha, parem de jogar papel em mim, parem de jogar coisas em mim. Eu não estou aqui porque eu quero, eu estou aqui porque eu preciso, eu preciso desse dinheiro, eu dou aula porque eu preciso desse dinheiro.’ E virou para o quadro e continuou escrevendo. Então, a gente começou a tacar moedinhas para melhorar a renda dela. Ela desistiu da nossa turma. Foi uma professora inesquecível (risos).”

 

Luís Nassif

"Eu tive três professores inesquecíveis: a dona Nicolina, que foi diretora da minha escola primária e minha primeira professora durante alguns meses. Ela era muito severa comigo porque eu era muito avoado, distraído. Ela chamava a minha atenção, dava uma dura, era um terror para a gente. Eu descobri que ela gostava de mim e fazia aquilo para o meu bem na minha formatura, quando ela fez questão de me dar o diploma e me fez um elogio que quase me fez cair da cadeira. E depois ela acompanhou minha vida de músico adolescente até morrer.

Depois, no ginásio, tive dois professores inesquecíveis. Eu fui um adolescente terrível, minha adolescência foi um horror! Eu tive um professor, o Nazário, nem sei se era grande professor, mas foi um sujeito, um irmão marista que chegou, de repente, para mim e me deu conselhos, muitos conselhos. E eu tive outro professor, de quem nem guardei o nome, em um período — eu tinha 13 anos, 14 anos — em que toda a diretoria do Marista queria me expulsar e estavam aprontando muito feio comigo. Um dia — eu estava no muro, abraçando a coluna da escola — ele chegou para mim, olhou para mim e disse: 'Você tem razão'. Isso eu guardei para o resto da vida."

 

Laís Bodanski

“O colegial, para mim, foi um período muito importante da vida, foi um momento de abertura da minha cabeça, numa época em que estava começando a andar pelo mundo e a descobri-lo. E nisso o colégio foi muito importante para mim. Eu estudei no Colégio Equipe e me lembro de uma professora que foi muito importante para que eu tivesse essa visão de mundo, a Tânia, que foi minha professora de História Geral. Foi uma maneira diferente de estudar História, não de uma forma burocrática e de decorebas. Muito pelo contrário: uma forma reflexiva e curiosa, muitas vezes, de ver o outro lado da história e ver os bastidores da História também. E foi aí que eu descobri que estudar era um prazer e não decorar fatos. Não. Os fatos eram uma conseqüência e a História era tão interessante que você a guardava na memória como um todo. A Tânia foi, como pessoa também, muito importante. Era uma mulher muito forte e divertida. Eram aulas deliciosas.”

 

Rodrigo Santoro

Rodrigo Santoro em Meu professor Inesquecível


“Eu tive um professor de Português chamado Bibiano. Ele foi meu professor na 6a, na 7a e na 8a séries. Foi um professor muito importante para mim porque — até hoje, eu reconheço isso — ele incentivava a gente a fazer um negócio que se chamava ‘Sessão Literomusical’. Todo bimestre, a gente montava uma peça de teatro. Isso era no lugar da prova. Maravilha, né? (risos) Mentira: tinha prova e tinha isso que valia ponto. Era um trabalho que a gente fazia em grupo e em que a gente adaptava um filme, uma peça de teatro... De alguma coisa, a gente fazia uma apresentação. Isso me incentivou muito a interpretar e eu acho que daí que surgiu a minha vontade, daí que nasceu essa vontade de interpretar. Então, sou muito grato a esse professor de literatura chamado Bibiano. Os alunos, às vezes, acham muito chato estudar literatura, mas é muito interessante. A gente pode aproveitar muito e eu aconselho vocês que estão na escola: ‘Aproveitem esse momento, às vezes parece que é chato, mas depois, quando vocês ficarem mais velhos e forem trabalhar, enfim, quando crescerem, vão usar muito do que vocês estão aprendendo na escola. Então, aproveitem!’”

 

Ziraldo

“A história é a seguinte: eu acho que eu tive uma boa quantidade de professores inesquecíveis. A minha primeira professora foi fantástica. Chamava-se Dona Cat, de Catarina. Era uma menina de 16 anos, e a gente chamava ela de Dona Cat. Ela era libertária, porque, na verdade, era uma criança. Ela queria era se divertir na sala de aula, e a gente se divertia com ela. A gente lia muito, aprendeu a ler com muita facilidade porque ela gostava muito de ler e nós todos da escola também aprendemos a gostar.

Na minha época, a Helena Antipof veio pra Minas Gerais. Ela é uma discípula do Claparède e veio fazer uma reforma no ensino. Ela usou uma coisa que as escolas, o Ministério de hoje, não se lembra, que são os monitores, para monitorar as propostas novas de ensino. Quer dizer, em vez de mandar folheto, mandar bilhete, mandar filme, mandava tudo isso, mas mandava também uma professora para aplicar tudo, para ensinar, para renovar o ensino de cada pequena cidade.

Lá em Caratinga (MG), foi uma moça chamada Dona Glorinha d’Ávila, uma mulher maravilhosa também, que foi fundamental na mudança de estrutura do ensino da minha cidade e que acabou sendo expulsa de lá — todas as duas — porque eram muito revolucionárias para o conservadorismo de Minas naquela época.

Depois foi o ginásio e vieram os professores. Aí tem um garoto também na casa dos vinte e poucos anos... E a gente se lembra deles com uma alegria muito grande. O professor marca muito a vida da gente, sabe? É mais fácil nomear quem você esqueceu do que os que você não esquece nunca.”

 

Luís Mello

"Tive dois professores que marcaram minha vida e definiram minha trajetória. O primeiro conheci quando cursava Ciências Sociais, na Universidade Federal de Londrina. Foi o professor de Sociologia e Antropologia Mauri Cruz. Foi ele quem me deu embasamento ideológico. Ele me mostrou a importância do conhecimento, importância essa que transferi para minha experiência teatral.
O outro professor me ajudou a definir meus parâmetros como ser humano. Durante dez anos, tive o privilégio de trabalhar com um dos mais importantes diretores teatrais do Brasil, Antunes Filho, no grupo Macunaíma, do Centro de Pesquisa Teatral (CPT). Foi quando consegui conquistar meu espaço, para entrar no cinema e na televisão com o patamar que entrei. Antunes Filho não só me forneceu embasamento na carreira teatral como me deu estrutura emocional para enfrentar a vida."

 

Lou de Olivier

Jornal'Ecos: Qual o mestre que realmente influiu em sua vida?

Lou: Alguns mestres realmente marcaram minha carreira e merecem destaque:

Como Escritora, devo ao mestre Edmir Fraga. No cursinho, um professor metido a muito sabido criticou muito uma poesia minha e parei de escrever até que fui fazer o Bacharelado em Artes Cênicas e conheci o Professor Edmir. Nas provas ele sempre pedia um comentário sobre algum texto e valorizava mais o que improvisávamos do que o que decorávamos. Eu sempre tirava notas altas apesar de ser a mais dispersa. Uma aluna, um dia, reclamou, disse que todos estudavam, colavam, se esforçavam e tiravam nota baixa. Eu, que era uma "borboleta avoada" tirava notas altas. Ele respondeu que, ao ler uma prova minha, via, claramente, que eu não tinha a mínima idéia do que estava escrevendo, mas escrevia tão bem e coisas tão lindas que ele não tinha coragem de me dar notas baixas. E acrescentou que eu ainda seria uma grande Escritora ou Dramaturga. A partir daí, ninguém me segurou, desandei a escrever textos teatrais, contos, romances...

Na Pesquisa Científica, marcou-me muito a atitude do Professor Doutor Francisco Assumpção Jr, na época, Diretor de Saúde de Psiquiatria Infantil do Hospital das Clínicas de SP. Eu queria muito entender a anoxia que eu tinha sofrido para tentar minha cura e, acima de tudo, para ajudar os bebezinhos que sofriam anoxia perinatal. Tinha só um livro do Professor Doutor Domingos Delacio e minha enorme vontade de dominar o assunto. Meu professor de Neurologia tinha se negado a ser meu orientador, eu era ridicularizada por colegas e até por alguns professores por ter escolhido um tema difícil e, segundo eles, sem aplicação na prática. Chegaram a apelidar-me de "anoxia", isso quando não me chamavam pejorativamente de "artista", "coreógrafa", "atriz", como se essas profissões fossem humilhantes e eu estava prestes a desistir da pesquisa e da área, quando o procurei. Expus minha idéia, meu tema e ele elogiou, disse que era um tema "bem legal". Ele falava assim mesmo, "bem legal", ou seja, não era desses "intelectualóides" falando termos indecifráveis Rapidamente, pegou um papel, fez um esquema do que eu deveria procurar, onde e como procurar. Logo eu tinha um início de projeto. Meus professores da faculdade cobravam pelas orientações e não era barato, então eu perguntei ao Prof. Dr. Francisco, quanto ele me cobraria para orientar-me. Ele disse que seria um preço muito alto e eu não conseguiria pagar. Eu já me preparava para sair da sala dele quando ele me disse: "sabe quanto vai te custar minha orientação? Você terá que tirar nota dez nesta defesa"... Fiquei ensaiando um dia inteiro para contar a ele que só tirara nove e meio, mas ele achou que estava bom assim mesmo. Até hoje eu me emociono ao lembrar desses mestres, realmente, me incentivaram e me fizeram retornar ao meu caminho. Como agradecimento a eles, só posso eterniza-los em minha literatura e, sempre que posso, os cito em entrevistas.

 

Queridos professores, por Melissa

Depois de pai e mãe, professor é a pessoa que mais pode influenciar uma criança. Eles variam de tamanho, idade, matéria e outras mil coisas, mas uma coisa é certa, têm nas mãos o poder de mudar muita coisa na vida de seus alunos.

Hoje, com 26 anos, e na metade da faculdade, ainda tenho muito professor pela frente. Cada matéria nova do meu curso será dada por um professor novo. Isso gera uma expectativa quase sempre prejudicial. Fofoca de como professor é, não é, foi e será vira sempre assunto e a fofoca corre solta.

Eu tenho que admitir que fui uma aluna aplicada mas não era fácil com os professores. Todo ano invocava com um ou outro, e levava bronca da minha mãe quando chegava em casa reclamando e contando o que tal professor falou ou fez. Fui mandada várias vezes para a sala do diretor, ou para ficar ‘pensando no que tinha feito’ fora da sala. Nos últimos anos, aprendi a segurar o meu pavio curto, mas algumas vezes tive razão.

Por exemplo, na vez em que entreguei um trabalho para um professor de religião, escrito a mão. Ele tinha pedido para todos escreverem no computador, mas por uma razão que agora não me lembro, não pude. Mas tive que fazer do mesmo jeito. Então entreguei e uma semana depois recebi de volta com a a nota: D. (Sistema ia de A para F, sendo A equivalente à um 10.) Em baixo do D, ele escreveu que eu merecia um B, mas como eu tinha feito à mão, então a minha nota era D. Isso virou um caso para as autoridades da escola e minha mãe foi na escola bater um papo com esse religioso.

Eu me lembro de todos os professores que tive; do primário até o colegial. Lembro também de professor de piano, da professora de inglês que me preparou para fazer uma prova quando tinha cinco anos. Foram meses de preparo e aulas quase todas as tardes. Eu tinha que saber o básico para poder entrar na escola que meus pais queriam que eu entrasse. Na hora de fazer a prova, não abri a boca (para o orgulho da minha mãe). No fim fizeram um acordo e me colocaram no pré ao invés da primeira série. Assim poderia ter tempo de aprender normalmente.

Muitos professores me marcaram, e ainda lembro deles com carinho. Outros nem tanto. Professor de matéria que eu não gostava tanto difícilmente era popular e o contrário vale para professores de matérias que até hoje me interesso, mesmo não tendo nada a ver com jornalismo.

Por exemplo, o meu professor de biologia e química que tive durante o colegial. Foi com ele que meu interesse e fascínio pela biologia nasceu. Ele conseguiu, pelo menos comigo, me fazer ver a beleza da biologia. Também me interesso por química, mas nunca tive a mesma facilidade. Com a química tive que estudar o triplo do normal para poder passar. Mas eu adorava as quartas-feiras, quando tínhamos o laboratório só para nós.

Matemática nunca foi o meu forte, e nunca tive notas altíssimas. Mas aprendi q ver a matemática como um jogo. Um jogo com regras que têm que serem aprendidas. Acho que os professoras sabiam o quanto eu tinha que estudar para conseguir passar nas matérias que involviam cálculos e muitos me ajudaram. Um chegou até a me dar a minha prova final, que faltava alguns pontos para ser aprovada, me dizendo que eu deveria sentar e tentar resolver mais alguns exercícios. Quando disse que eu realmente não ia conseguir resolver mais nada, ele insistiu. E foi assim que passei o meu curso de algebra e trigonometria.

Infelizmente, os meus professores de história e geografia não me marcarm tanto. Mas como disse, cada professor com o seu jeito de ensinar. A professora de história do Brasil, escrevia tudo no quadro negro e ai de quem não copiasse. As provas delas eram temidas. Era ela que corrigia prova com caneta vermelha e parecia que o papel estava sangrando. Numa questão que valia dez pontos, ela, nunca satisfeita com a sua resposta, te dava dois pontos e escrevia ‘SÓ???’.

A outra, de história mundial, tinha um jeito muito mais tranquilo de ensinar e queria que nós aprendessemos. Ela dava não só as dez perguntas que poderiam cair na prova, mas também as respostas, dois ou três dias antes. No dia da prova, fazia sorteio.

Mas professor também pode ser um pouco estranho. A minha da quinta série, proibiu a classe toda de usar isopor para fazer projetos. Ela era, aparentemente, muito preucupada com o meio ambiente. Mas fazia coleção de mariposas e tinha várias. Ela foi parar na escola perfeita para sua hobby, porque era rodeada por uma floresta. Um dia na fila do almoço, avistou uma mariposa enorme na parede e não resistiu. Fincou o garfo nela e levou para casa. Aquela cena nunca saiu da minha cabeça. E ela também misturava o café com uma chave comprida que trancava a nossa sala.

As que mais me marcaram foram as de português, inglês e literatura. A professora de literatura (em inglês) do último ano tinha fama de má e brava na escola. Todos os alunos tinham medo dela. No fim do ano, foi um dos cursos mais agradáveis e ela uma das professora mais queridas. As outras de português e literatura (em português) também me marcaram muito. Me marcarm tanto que escrever é o que escolhi fazer, na profissão e no tempo livre. Deixo aqui meus agradecimentos.

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